domingo, 4 de abril de 2010

RENASCER SEMPRE

Renascer é possível sempre. Renascer em vida. Em qualquer idade. Modificar-se. Abrir-se a novas idéias. Há milhares de anos, a Páscoa era comemorada por pastores nômades da Idade Pré-mosaico bem antes da era cristã, para dar boas-vindas à Primavera.

Para eles, Páscoa representava vigor novo para se deslocar em busca de regiões mais favoráveis para caçar e Plantar. Não ficavam parados lamentando a seca ou inundações, saíam em busca da Primavera onde ela se apresentasse para eles mais colorida e mais florida.

Para os cristãos, Páscoa significa ressurreição de Cristo, renascimento, momento de reinventar-se de forma mais humana e mais solidária. Para os chocólatras, Páscoa significa devorar ovos sem olhar para eles. Porque, se antes de os saborear, olhassem detidamente para um deles por alguns segundos, perceberiam o formato.

Ovo é nascimento. E o coelho, com a sua fertilidade incrível, nos aponta para a fertilidade que há em nós em todos os sentidos e que muitas vezes não notamos e por isso não damos vazão a ela. Somos férteis. Com muita imaginação, pensamentos, projetos. Por que não utilizá-los criativamente?

Ovo aberto, vida renascida. É hora de fazer, de sair do ovo fechado, da concha que nos oprime. Nada de permanecer presos a conceitos antigos como se fóssemos uma receita de bolo, criada há 100 anos, e que já perdeu o gosto porque os que o fizeram nesse tempo seguiram a receita à risca, não adaptando nada.

Não releram a receita não a interpretaram buscando modificações para aprimorá-la.

As receitas existem para ser seguidas até um certo ponto. Podem ser modificadas. Não há receita de escrever, de pintar, de ser. Somos não só o que nos foi insinado, mas o que vamos aprendendo por nós mesmos, com recursos próprios, diariamente.

Se estamos amarrados, vamos nos desamarrar, se estamos ilhados, envelopados, é hora de nos desenveloparmos, de nos desafogarmos, de nos reconhecermos. Páscoa não é distância, mas aproximação, um estar dentro, vivendo intensamente o agora da transformação.

Não quer mudar agora? Quer mudar quando então? Na próxima Páscoa? Não é necessário pensar em mudança só na Páscoa, adiando para um futuro remoto mudanças que não serão feita. Páscoa é uma referência que serve para qualquer data. É buscar novas rotas de pensar e de agir. A maioria dos políticos devora os ovos sem pensar no significado deles.

Que pena. Nós não devemos seguir a mesma escrita. O importante é que nos renovemos pra valer. De fato. Sem discurso e sem promessas. Se não agirmos, lamentamos, nos prendemos de novo. E é possível libertar-se, sair da toca, do isolamento, da introversão extrema. Páscoa é libertação não para um dia, mas permanente. É tão difícial assim? Não é não.

fonte: Jornal de Piracicaba, 4 de Abril de 2010
autoria: Jaime Leitão é cronista, poeta, autor teatral e professor de redação - jaime@jpjornal.com.br

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